Utopia

Que utopia a minha, querer o Mundo,
Pedir-te uma quimera, quem dera,
Um beijo de sereia, que encandeia,
O abraço eterno, profundo.

O mergulho na imensidão,
Do azul olhar perdido,
No horizonte na tua busca,
E nos céus do nosso desejo,
Fundido,
       me elevar contigo!

- Jorge Miguel Ortolá -

Tua mão de pente

A tua mão de pente
Suave brisa de jardim
Plana em, outrora, trigo,
Terna, doce, como cetim.

Poderemos

Poderemos algum dia,

Olhar o Mundo num só,

Como uma criança, que sorria,

Quando escutava a avó,

A trautear a melodia,

Dum planeta, onde vivia,

Em paz,

Alegre,

Em harmonia!?

A semente que te dou

Dançando ao som do sol,
Bailados encantam de sangue véu,
Na sagaz e doce melodia,
Em pontes olho, o azul céu.

E baila, baila todo dia,
Alegre, livre e feliz,
Saberia onde iria,
Bela papoila petiz.

Pousa em si uma abelha
Beija-lhe o néctar ao passar,
Rouba-lhe a pureza e foge a voar.

Foi vida o que levou
Para noutros campos semear
A semente que te dou!

- Jorge Miguel Ortolá -

- sem título -

Que chão é este onde me deito,
De passos perdidos na noite
De histórias fundidas no tempo
Mágoas ocultas no leito.

Ama-me

Ama-me,
Como se o amanhã não existisse
Como se o amanhã fosse uma miragem
Como se o amanhã fosse a nossa margem.

O prazo da vida, o prazo do sonho

Terá a vida um prazo,
Para além do prazo da vida?
O amor,
A paixão,
O bater desenfreado do coração?

Cidade Calada

Está tudo calado
Está tudo sossegado
Esta não é a cidade onde cresci
Esta não é a cidade onde vivi
Esta não é a cidade que vi mexer
o local sem tempo
o espaço sem movimento
onde te conheci a ti
        e a ti,
           e a ti,
              e a ti também!

O menino esquecido

Chora leve e suave,
Numa nocturna melodia,
                lá fora,
a chuva em chamamento,
numa calmaria.

Poema

Poemas,
Para que servem?
Conjunto de palavras desalinhadas
Conjunto de ideias perdidas
Conjunto de emoções falhadas.

Envelhecer

Já cai neve na montanha
Meio século depois de vir
E com nostalgia já lembra
A criança a sorrir.